nico espinoza
Música em Itinerância

Atta é uma exploração sónica de ecologias expandidas, onde agências orgânicas e sintéticas se entrelaçam para co-criar novas experiências auditivas. No centro deste álbum encontra-se um dispositivo sónico personalizado que sintetiza som—não imitando o mundo natural, mas sendo dinamicamente modulado por ele. Estas modulações são informadas por paisagens sonoras naturais que se desdobram em múltiplas escalas: desde forças ambientais vastas, como o vento e o clima, até aos padrões delicados de insetos, aves e outros fenómenos de pequena escala. O que emerge é uma paisagem sonora artificial na sua matéria, mas animada por ritmos vivos, moldada simultaneamente pelas dinâmicas ecológicas e pelos gestos performativos da artista.

O título Atta refere-se ao género das formigas cortadeiras, organismos notáveis que incorporam um tipo de inteligência proto-tecnológica. As suas estruturas sociais podem ser vistas como uma forma de tecnologia distribuída—uma coreografia intrincada de papéis e comportamentos. Mais ainda, o ato de cortar folhas para cultivar fungos funciona como um sistema digestivo externalizado: uma prótese viva. Em Atta, esta relação torna-se uma metáfora para os enredamentos técnicos presentes mesmo em micro-escalas ecológicas.

Através deste trabalho, Atta convida os ouvintes a considerar como podem emergir relações significativas e produtivas a partir de sistemas híbridos e interdependentes—entre natureza e máquina, organismo e algoritmo, gesto e modulação. Não procura imitar a natureza, mas tornar-se com ela, oferecendo um território sónico onde a sensibilidade se torna um modo de colaboração.


Atta is a sonic exploration of extended ecologies, where organic and synthetic agencies interlace to co-create new auditory experiences. At the heart of this album lies a custom sonic device that synthesizes sound—not by mimicking the natural world, but by being dynamically modulated by it. These modulations
are informed by natural soundscapes unfolding across multiple scales: from expansive environmental forces like wind and weather, to the delicate patterns of insects, birds, and other small-scale phenomena.

What emerges is a soundscape that is artificial in material but animated by living rhythms, shaped simultaneously by ecological dynamics and the performative gestures of the artist. The title Atta refers to the genus of leafcutter ants, remarkable organisms that embody a kind of proto-technological intelligence. Their social structures could be seen as a form of distributed technology—an intricate choreography of roles and behaviors. More compellingly, their act of cutting leaves to cultivate fungus functions as an externalized digestive system: a living prosthesis.

In Atta, this relationship becomes a metaphor for the technical entanglements present even at micro-ecological scales. Through this work, Atta invites listeners to consider how meaningful and productive relations might emerge from hybrid, interdependent systems—between nature and machine, organism and algorithm, gesture and modulation. It does not seek to imitate nature, but to become-with it, offering a sonic terrain where sensitivity becomes a mode of collaboration.

  • Música e Performance

16 jan 2026

OFICINAS DO CONVENTO

Horário
18h30

Local
Convento de São Francisco, Montemor-o-Novo

3€

contribuição para o artista