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Ensaios para uma etnografia do solo I: eco-revelação com bolota é uma residência experimental de criação e revelação de imagens em 16mm integrada no projeto Cinema Compostagem: Ensaios para uma Etnografia do Solo, de Daniela Rodrigues.
Nesta residência, Daniela convida Ricardo Leite, especialista em métodos alternativos e não tóxicos de revelação de película cinematográfica, para, juntos, testarem a possibilidade de utilização de bolota nestes processos.
Cinema Compostagem: Ensaios para uma Etnografia do Solo (título provisório) é um filme experimental que se debruça sobre passados, presentes e futuros da paisagem antropogénica do montado alentejano, focando o solo de Montemor-o-Novo. Apesar de enfrentar desafios como seca e erosão do solo, esta região destaca-se por experimentações sociopolíticas revolucionárias passadas, como a coletivização de terras durante os anos 1974-76, ou projetos presentes de regeneração agroflorestal. Conjugando dispositivos, espécies, tempos e espaços este filme procura articular registos audiovisuais que documentam a ocupação de terras no período revolucionário da Reforma Agrária, com imagens de práticas bio-sociais que nutrem actualmente solos erodidos, criando um campo possível para imaginação de futuros. Os registos da reforma agrária serão reproduzidos em desenho com pigmentos do solo aguareláveis e animados frame by frame. Imagens contemporâneas serão capturadas em filme de 16 mm e eco-reveladas com bolotas do território. Numa segunda residência de criação (Ensaios para uma etnografia do solo II, prevista para Maio 2025), texturas áudio do filme serão exploradas com o artista sonoro Christiaan Muller.
Estas residências têm o apoio da Chaire d’excellence Alternative Narrative Forms in Audiovisual Anthropology, A*Midex – Aix-Marseille Université / IDEAS
Daniela Rodrigues é antropóloga e desenhadora. Atualmente é investigadora no programa Alternative Narrative Forms for Audiovisual Anthropology (IDEAS – amU), onde tem em curso o projeto Cinema Compostagem: Ensaios para uma Etnografia do Solo.O seu corpo de trabalho resulta do cruzamento de práticas artísticas e académicas em formatos multimodais e colaborativos. Em Novembro de 2024, criou a performance SOPRO CERA SOMBRA, apresentada no Festival Linha de Fuga (Coimbra). No mesmo ano, realizou partituras gráficas para o projeto Andar Para Trás, da bailarina e coreógrafa Sara Anjo. Entre 2022 e 2023, escreveu ensaios sobre álbuns de família para o site de fotografia vernacular Foto-Síntese, com o apoio do ICNOVA – Instituto de Comunicação, Universidade Nova de Lisboa. Com o apoio da Direção-Geral das Artes e da Câmara Municipal de Lisboa, co-concebeu o projeto de ecologia especulativa The Ponds (2022). Entre 2018 e 2020, publicou três livros de poesia com a editora independente Douda Correria. No âmbito da sua investigação doutoral, criou, com Ana Gandum, a exposição coisas de lá / aqui já está sumindo eu (Rio de Janeiro, 2016), posteriormente instalada no Arquivo Municipal de Lisboa (2019). Em Janeiro de 2020, o livro-objeto ilustrado, resultante desta exposição, foi premiado pela Associação Portuguesa de Antropologia na categoria de melhor ensaio audiovisual em antropologia. Daniela é membro do NAVA – Núcleo de Antropologia Visual e da Arte (CRIA, Portugal), cooperadora da Minga (Montemor-o-Novo) e pertence à associação cultural Fogo Posto.
Link: https://linktr.ee/daniela_rodrigues
Ricardo Leite estudou cine-vídeo e teatro na Escola Superior Artística do Porto entre 1998 e 2002. Organizou e participou desde 1999 em varias Mostras e Exposições de Cinema, tendo participado em eventos na Europa, Marrocos, Brasil, Cabo-Verde, EUA, Canadá. Colaborou e trabalhou com instituições como o Cineclube do Porto, Cineclube Amazonas Douro e a Associação de Iniciativas Culturais e Artísticas, no Porto, (AICART). Foi um dos sócios fundadores do projeto Átomo47, o único laboratório de cinema independente do país, inaugurado em 2007 na cidade do Porto. Tendo trabalhado maioritariamente no género experimental e em película, desde 2002, voltou ao género documental com o longa-metragem em vídeo “Mazagão, a água que volta”, em 2011, apoiado pelo ICA e pela RTP. É também diretor de fotografia em projetos filmados em película (maioritariamente 16mm). Em 2008 foi selecionado para a participação na 6a edição da Berlinale Talent Campus, no Festival de Berlim, pelo seu trabalho desenvolvido na área do cinema experimental em película. É monitor de estágio de alunos de Escolas de Artes, como a “Ecole Superieure des Beaux Artes Angers Le Mans” em Tours França (em projecto Erasmus), no IPCI – Porto ou a Escola Superior Artística do Porto. Presentemente é doutorando no curso de Educação Artística da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2016 realizou uma residência na mais conceituada instituição dedicada ao cinema experimental, no LIFT – Liaison of Independent Filmmakers of Toronto – https://lift.ca/programming-home/ricardo-leite-spring-2016-artist-in-residence , no Canadá, onde realizou um filme e deu uma oficina dedicada aos processos alternativos de revelação em processos não tóxicos em película cinematográfica. O processo que desenvolveu faz parte da sua tese de Doutoramento em Educação Artística na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto onde também criou uma pequena “horta fotográfica”: https://vimeo.com/138099218 . Finalizou duas longa-metragens, a primeira documental-experimental, “Lucefece” rodada em película 16mm, com o apoio do ICA e RTP e a segunda o documentário “Maças Azuis” sobre a recentemente falecida Edila Gaitonde (a 26 de Julho 2021, Porto), escritora, cineasta, pianista e revolucionária, os filmes foram estreados em competição em 2022 e 2023 no Doclisboa. Lucefece recebeu o prémio de melhor filme na competição de Cinema falado (competição de filmes em língua portuguesa) no Festival Porto Post Doc em 2023.
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