Inauguração das exposições Cuckoo Clocks e Memórias de uma clavícula

CIDADE PRÉOCUPADA

Inauguração de exposições | galeria municipal | 21 junho (visitáveis até 22 Julho) | 21:30

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 Cuckoo Clocks é um projecto do colectivo West Coast, que envisiona um espaço de alerta e consciencialização para as espécies de aves em risco de extinção na Europa. Sendo que as aves são consideradas como indicadores-chave das mudanças climáticas – pela alteração da sua rota, fisionomia, comportamento, entre outros factores – este projecto contempla diferentes abordagens que colocam em diálogo artistas, ecologistas e historiadores.O que apresentamos nesta exposição é uma das fases iniciais deste projecto e é o resultado de uma investigação sonora em torno do canto e chamamento das aves. Procurando a relação entre o natural e o mecânico, Paulo Morais e Francisco Pinheiro desenvolveram uma série de peças sonoras que utilizam matérias como o mel ou o óleo, bem como o respigar de alguns dos objectos produzidos pela indústria. Atendendo à singularidade de cada espécie de ave – seu sincopar, tonalidade, textura, corpo – cada uma destas peças estabelece uma relação delicada de forças entre diferentes elementos, sendo o ar e a água os veículos moduladores destes sons.
Cuckoo Clocks conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e é o resultado das residências no Atelier Concorde (Lisboa) e nas Oficinas do Convento (Montemor-o-Novo), durante os meses de Abril e Maio.
Acontecerá uma performance por Paulo Morais.

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imagem IIMemórias de uma clavícula (e as histórias dos vizinhos)

de Liliana Velho

A clavícula tem uma irmã gémea e sempre se deram mal. Uma é de esquerda e a outra de direita. Ambas se apaixonaram pelo esterno, que nunca quis saber delas, porque tem um harém de costelas.

A clavícula é um osso que nos desenha o peito, que faz o enquadramento da caixa torácica. Dentro desta caixa vive o coração e tudo o que cabe dentro dele. Partindo deste órgão e do poema “ O amor bate na aorta” do Drummond de Andrade, desenha-se uma exposição.

Aqui o corpo faz-se paisagem. Pernas pés, seios e braços constroem um cenário de fragmentos, onde o vazio entre eles é o que nos informa do que realmente está lá.

Este é também um trabalho de investigação sobre o desenho na escultura e experimentação de diferentes pastas cerâmicas e como estas matérias se podem unir e modelar juntas.