O som do solo
Daniela Rodrigues e Chris Muller

O som do solo é uma residência de criação sonora integrada no projeto Cinema Compostagem: Ensaios para uma Etnografia do Solo, de Daniela Rodrigues. Nesta residência, Chris Muller vai explorar texturas audio em diálogo com imagens produzidas por Daniela ao longo da sua investigação em curso.

Cinema Compostagem: Ensaios para uma Etnografia do Solo (título provisório) é um filme experimental que se debruça sobre passados, presentes e futuros da paisagem antropogénica do montado alentejano, focando o solo de Montemor-o-Novo. Apesar de enfrentar desafios como seca e erosão do solo, esta região destaca-se por experimentações sociopolíticas revolucionárias passadas, como a coletivização de terras durante os anos 1974-76, ou projetos presentes de regeneração agroflorestal. Conjugando dispositivos, espécies, tempos e espaços este filme procura articular registos audiovisuais que documentam a ocupação de terras no período revolucionário da Reforma Agrária, com imagens de práticas bio-sociais que nutrem actualmente solos erodidos, criando um campo possível para imaginação de futuros. Os registos da reforma agrária são reproduzidos em desenho com pigmentos do solo aguareláveis e animados recorrendo à técnica da rotoscopia. Imagens contemporâneas são capturadas em filme de 16 mm e eco-reveladas com bolotas do território.

Estas residências têm o apoio da Chaire d’excellence Alternative Narrative Forms in Audiovisual Anthropology, A*Midex – Aix-Marseille Université / IDEAS


Biosgrafias:

Daniela Rodrigues – é antropóloga e desenhadora. Atualmente é investigadora no programa Alternative Narrative Forms for Audiovisual Anthropology (IDEAS – amU), onde tem em curso o projeto Cinema Compostagem: Ensaios para uma Etnografia do Solo.O seu corpo de trabalho resulta do cruzamento de práticas artísticas e académicas em formatos multimodais e colaborativos. Em Novembro de 2024, criou a performance SOPRO CERA SOMBRA, apresentada no Festival Linha de Fuga (Coimbra). No mesmo ano, realizou partituras gráficas para o projeto Andar Para Trás, da bailarina e coreógrafa Sara Anjo. Entre 2022 e 2023, escreveu ensaios sobre álbuns de família para o site de fotografia vernacular Foto-Síntese, com o apoio do ICNOVA – Instituto de Comunicação, Universidade Nova de Lisboa. Com o apoio da Direção-Geral das Artes e da Câmara Municipal de Lisboa, co-concebeu o projeto de ecologia especulativa The Ponds (2022). Entre 2018 e 2020, publicou três livros de poesia com a editora independente Douda Correria. No âmbito da sua investigação doutoral, criou, com Ana Gandum, a exposição coisas de lá / aqui já está sumindo eu (Rio de Janeiro, 2016), posteriormente instalada no Arquivo Municipal de Lisboa (2019). Em Janeiro de 2020, o livro-objeto ilustrado, resultante desta exposição, foi premiado pela Associação Portuguesa de Antropologia na categoria de melhor ensaio audiovisual em antropologia. Daniela é membro do CAV – Comité de Antropologia Visual da Associação Brasileira de Antropologia, do NAVA – Núcleo de Antropologia Visual e da Arte (CRIA, Portugal), cooperadora da Minga (Montemor-o-Novo) e pertence à associação cultural Fogo Posto.

Chris Muller – estudou design gráfico e artes dos média nos Países Baixos e na Bélgica, desenvolvendo desde cedo um interesse pelo som e construção de instrumentos. Orienta exercícios e workshops de escuta, incluindo uma série de meditações em caminhada em Berlim (2019) influenciadas pelo trabalho de Pauline Oliveros sobre escuta profunda. Em julho de 2022, orientou crianças em Lisboa para transformar um parque público num recreio sonoro, onde 14 jovens participantes utilizaram vários microfones para descobrir sons ocultos da natureza e dos seus corpos. A sua prática sazonal de construção de instrumentos no Alentejo, Portugal, centra-se no processo—a recolha consciente de materiais, tecelagem e partilha. Recolhe e tece plantas locais e sementes de verão para criar chocalhos meditativos, explorando como podemos abrandar e conectar-nos mais profundamente com o que nos rodeia através de métodos simples e acessíveis

  • Residências

26 mai a 1 jun 2025

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