Tiago Canário, o vencedor da segunda edição do concurso de Residências Artísticas Tradição><Contemporâneo vai desenvolver o seu projeto “Terra”, na Oficinas do Convento, durante o mês de Agosto 2019.
Este projeto foca-se na exploração da terra como matéria que define e transmite carácter. Uma refleção que visa destacar a o solo enquanto elemento de pureza e naturalidade. Através de uma materialização que propõem uma colecção de objetos que mostre na sua matriz uma influência direta com o solo. Quer a nível visual, formal ou processual.
Para isto, esta materialização propõe uma colecção de objetos que utilizem o solo com agente deformador. Uma série de peças cerâmicas, construídas numa pasta criada a partir da extração direta de terra argilosa. Promovendo assim uma peça cuja morfologia defina esta relação com o
solo.
A estas peças cerâmicas são aplicadas tipologias que utilizam o solo como agente deformador. Procurando que a peça não só seja constituída por este elemento, mas que toda ela, incluído a sua forma seja diretamente obtida e influenciada pelo solo. Que o objeto seja ele também desenhado pela sua matéria. Para isto os processos de deformação, focam-se principalmente em duas tipologias. A deformação direta através de um soterramento das peças, e a transformação das peças através de um aluimento com o solo (a forma obtida através do impacto com o solo).
Estas tipologias vão assim ser aplicadas às peças cerâmicas, cujo a forma original pré-deformação procura remeter as técnicas e formas típicas e
tradicionais da cultura cerâmica no Alentejo. Tornando estes processos como um movimento de trazer as formas típicas da cerâmica tradicional
(principalmente utilitária alentejana), para o contexto atual, contemporâneo. Por exemplo na tipologia que transforma as peças através de um soterramento.
O desenterrar é quase metaforicamente o movimento de trazer de volta estas peças para o contexto atual. Numa peça influenciada pelo passado. Mas que vai estar deformada e transformada, o atual/ futuro. Devem refletir não só a sua origem a sua relação com o solo, mas também um cruzamento entre o factor tradicional e o contemporâneo.
Um factor inerente a este projeto e processo de exploração e a sua documentação, o registo como ferramenta construtiva e principalmente de comunicação do projeto á comunidade. É inerente ao projeto o factor social, interligado ao passado principalmente no que diz respeito à tradição cerâmica da região. Face ao contexto atual e
presente da matéria. É importante assim que este projeto bem como a exploração, esteja ligada á população regional. Quer seja nas técnicas tradicionais, mas principalmente na comunicação e na sensibilização. Talvez passando por um trabalho inclusivo com a população por exemplo no processo de deformação. Ou pelas tipologias dos objetos cerâmicos obtidos, por exemplo a relação destes com a gastronomia. Permitindo assim uma abordagem direta entre o objeto e o utilizador.
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