
CERÂMICAS DO MUNDO – Índia é um projeto cultural e de intercâmbio artístico que explora a tradição escultórica dos Velar – artesãos do sul da Índia especializados na criação de esculturas monumentais de terracota dedicadas ao deus Ayyanar.
Este projeto de investigação, residências e exposição teve origem em 2019, durante uma visita de estudo realizada pelo escultor João Rolaça ao sul da Índia para observar os processos construtivos das monumentais esculturas de terracota de Tamil Nadu. Realizada no âmbito do doutoramento em Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, sob o título A Forma do Fogo – Escultura Cerâmica de Grande Formato e seus Processos de Cozedura, o estudo revelou a singularidade desta prática ancestral, poucas vezes documentada fora do seu local de origem e de extremo interesse não só pela dimensão técnica e iconográfica, mas também para um abordagem contemporânea a estes processos escultóricos.
Daqui nasceu a vontade de aprofundar o conhecimento sobre estas cerâmicas e de proporcionar um intercâmbio direto entre os mestres Velar e o contexto artístico e público português.


O conceito central do projeto é o encontro entre tradição e contemporaneidade através da escultura cerâmica de grande formato. Estabelece um diálogo intercultural entre os mestres Velar, artesãos do sul da Índia que mantêm viva uma prática ancestral de escultura em terracota dedicada a Ayyanar, e o contexto artístico contemporâneo português.
Ao trazer essa arte para Portugal, pretende-se preservar e documentar esse saber, assim como o reinterpreta e reinsere num novo contexto, explorando suas conexões técnicas, iconográficas e espirituais.
Além disso, o projeto reflete sobre a relação entre território, identidade e devoção. As esculturas Velar nascem do barro e retornam à terra, são testemunhos visíveis de um ciclo contínuo de criação, oferenda e renovação. Esse olhar é mostrado na exposição através da fotografia, do documentário e da colaboração entre os artistas, criando uma ponte entre tempos, geografias e sensibilidades.





Entre março e setembro de 2025, o projeto conta com as seguintes atividades:
Residências Artísticas (março – abril ’25)
Foram convidados 3 Velar de Tamil Nadu – Palanisamy, Meyyar e Karthik – para viajarem até Portugal e realizarem uma residência artística nas Oficinas do Convento, na companhia de Liliana Velho convidada para estabelecer um diálogo entre a tradição indiana e a sua linguagem artística.
Cozedura Pública e Chá da Índia (29 março)
Cozedura das esculturas cerâmicas feitas pelos 3 Velar de Tamil Nadu – Palanisamy, Meyyar e Karthik – na sua Residência em Montemor-o-Novo.
Exposição Deuses de Terra – Escultura Velar
Será apresentada no Museu do Oriente – data a apresentar brevemente – a exposição que apresenta esculturas criadas por Palanisamy, Meyyar e Karthik, três Velar de Tamil Nadu, durante uma residência artística nas Oficinas do Convento, em Montemor-o-Novo. As peças, concebidas e produzidas em Portugal, dialogam com obras do Museu do Oriente e com uma obra inédita da artista convidada Liliana Velho. Fotografias documentais e registros audiovisuais completam a exposição, transportando o visitante para os santuários a céu aberto onde estas figuras habitam na Índia.
Além das esculturas, a exposição inclui um documentário co-realizado com Rui Cacilhas, que acompanha a criação e cozedura de um cavalo de terracota em Tamil Nadu, e um vídeo-testemunho do Guru Parimaleshwarar, da aldeia de Malaiyur sobre a devoção dos tamil a Ayyanar.
Este projeto é co-produzido pela Oficinas do Convento e pelo Museu do Oriente, com curadoria de João Rolaça.
É financiado pela Direção-Geral das Artes, Município de Montemor-o-Novo, a Fundação Oriente e a Unidade de Investigação Vicarte.
- TENACIDADE